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Victor HUGO ! (1802-1885)
Em Árvores
Árvores da Floresta, você conhece minha alma! Ao capricho do invejoso, a multidão elogia e culpa; Você me conhece, você! - Já me viste muitas vezes, sozinha nas tuas profundezas, a olhar e a sonhar. Como você sabe, a pedra onde corre um besouro, uma humilde gota de água de flor em flor caída, uma nuvem, um pássaro, ocupam-me o dia todo. A contemplação enche o meu coração de amor. Você me viu cem vezes, no vale escuro, com estas palavras que o espírito diz à natureza, questionando seus ramos excitantes, e ao mesmo tempo perseguindo ao mesmo tempo, pensando, a testa para baixo, o olho na grama profunda, o estudo de um átomo e o estudo do mundo. Atentos aos teus ruídos de que todos falam um pouco, Árvores, tu me viste fugir dos homens e buscar a Deus! Folhas que se contraem nas pontas dos ramos, Ninhos cujo vento ao longe semeia penas brancas, Limpezas, vales verdes, desertos escuros e doces, Tu sabes que eu sou calmo e puro como tu. Como no céu os vossos perfumes, brota a minha adoração a Deus, e eu estou cheio de esquecimento, como vós de silêncio! O ódio sobre o meu nome se espalha em vão o seu fel; Sempre, - Eu vos testifico, ó amados bosques do céu! - Afastei de mim todos os pensamentos amargos, e o meu coração é tão corrupto como o de minha mãe.
Árvores destes grandes bosques que sempre tremem, eu te amo, e tu, hera no limiar de outras pessoas surdas, Ravinas onde ouvimos filtrar as fontes vivas, Arbustos que os pássaros saqueiam, convidados felizes! Quando estou entre vós, árvores destes grandes bosques, em tudo o que me rodeia e me esconde ao mesmo tempo, na vossa solidão onde entro em mim mesmo, sinto alguém grande que me escuta e me ama! É na tua sombra e no teu mistério,
é sob o teu augusto e solitário ramo que quero proteger o meu túmulo ignorado, e que quero dormir quando adormecer.
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